Algo que me foi extremamente impactante no processo de formação em Yoga foi o conhecimento da existência dos preceitos éticos - Yamas e Niyamas. Alguns deles eu já tinha entrado em contato de algum modo - ahimsa (ou não-violência) certamente já tinha ouvido algumas vezes, assim como tapah ou tapas (esforço sobre si mesmo), mas eu não sabia que nesse caminho do yoga existia uma coisa tão elaborada e com tanto sentido para a vida como são os Yamas e Niyamas.
É fim de ano e, como sempre, realizo faxinão. É tempo, como em qualquer tempo, aliás, de desapegar. Nesse sentido aproveito as conexões mentais para enfatizar o Yama Aparigraha que significa "Não-possessividade" ou "Desapego". Há alguns anos eu ouvi uma história de um macaquinho e ela só veio alimentar algo que tenho dentro de mim - o desapego de coisas. Quando criança e adolescente morei em muitos lugares. Quando começava a fincar raízes meu pai era transferido em seu trabalho e lá íamos nós (eu e meus irmãos) nos adaptando a outros tempos e espaços. Apesar de ser bem desapegada de coisas, não tenho a mesma facilidade com as pessoas ou com a ideia que acabo construindo sobre as mesmas. Antes eu não tinha clareza sobre isso, e ter essa clareza tem facilitado esse processo doloroso de abrir mão, deixar ir, deixar ser fim, aceitar a impermanência de tudo, buscar outros caminhos, "largar as bananas".
A história do macaquinho é uma pequena e triste história sobre a ausência de habilidade com o desapego. Sempre penso nela quando estou diante de situações me transmitem alguma sensação de aperto, limitação, prisão, ou seja, qualquer coisa que limite minha expansão, meu respiro, meus espaços. Fui tentar a história na internet para talvez contá-la com mais detalhes e a encontrei num blog de conteúdo empresarial, o que achei bem curioso (o link segue abaixo). A história conta que "Tribos africanas desenvolveram um método inteligente para capturar os macacos, animais que pulam de galho em galho entre as árvores que dificultam a sua captura. A armadilha funciona com uma banana como isca dentro de uma vasilha feita com boca estreita, onde o macaco coloca a mão dentro mas não consegue tira-la fechada agarrando a banana. Por instinto, o animal continua tentando pegar a banana mas acaba com um final trágico, capturado pelos nativos como alimento".
O macaquinho podia tirar a mão de dentro da garrafa, mas para isso ele precisava abrir mão da banana. Parece fácil olhando de longe, mas a maioria de nós primos-irmãos dos macaquinhos estamos cotidianamente caindo em armadilhas que nos prendem (adoecendo, silenciando, matando aos pouquinhos) simplesmente porque estamos apegados às bananas ou à ideia que fazemos dela. Identificar a banana que te prende e se desapegar dela é um passo decisivo na vida. Liberar-se de objetos antigos (ou sem uso), de relacionamentos tóxicos, de concepções de trabalho e de relacionamentos é uma imensa porta para liberdade. É espaço em todos os sentidos. Expansão, pulsação.
Aparigraha é liberdade. É vida.
(https://laboratoriumbr.wordpress.com/2012/06/21/larga-a-banana-mude-de-estrategia-para-nao-cair-na-armadilha-do-macaco/)
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